Países latino-americanos se unem para reduzir o estrago que o problema causa no continente. Entenda qual o seu papel nessa história
Por André Biernath
Um, dois, três, quatro, cinco, seis. Pronto. O tempo que você levou para ler essa primeira frase foi suficiente para que uma pessoa morresse em decorrência de um acidente vascular cerebral (AVC) em algum canto do mundo. Por ano, mais de 17 milhões sofrem com o entupimento ou o rompimento de um vaso que leva sangue aos neurônios. Nesse mesmo ciclo de 12 meses, 400 mil brasileiros encaram o problema. Desses, 100 mil não sobrevivem para contar história, o que faz do AVC a segunda grande causa de óbito no país, atrás apenas do infarto. Pior: a doença começa a atingir gente cada vez mais jovem. A quantidade de pessoas com menos de 45 anos que tiveram essa pane na cabeça aumentou 62% entre 2005 e 2015.
Estatísticas tão assombrosas motivaram um encontro inédito: representantes dos ministérios da saúde de 12 países da América Latina (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, México, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai) se reuniram no último mês de agosto na cidade gaúcha de Gramado para discutir estratégias capazes de frear essa tragédia diária em nossa região.
Os principais fatores que contribuem para o AVC
Ao controlá-los, o risco de passar por essa enrascada cai drasticamente, como mostram os números abaixo:
- Hipertensão: 47,9%
- Sedentarismo: 35,8%
- Colesterol alto: 26,8%
- Dieta ruim: 23,2%
- Obesidade: 18,6%
- Estresse: 17,4%
- Tabagismo: 12,4%
- Doenças cardíacas: 9,1%
- Alcoolismo: 5,8%
- Diabetes: 3,9%
É preciso agir com rapidez
A Organização Mundial da Saúde preconiza que todo o processo, do momento em que o sujeito colocou o pé na instituição até a entrada numa sala de cirurgia (se necessário), não ultrapasse os 80 minutos.
O acesso aos tratamentos
A corrida contra o relógio é justificada por outro fator: o tratamento disponível contra o AVC isquêmico, marcado pela formação de um coágulo que entope um vaso, só funciona se aplicado em até quatro horas e meia após o início dos sintomas.
Por incrível que pareça, grande parte dos acometidos aparece só depois do prazo estipulado. Estatísticas nacionais apontam que menos de um terço deles chega a tempo de receber a terapia farmacológica. Muitos não se preocupam com os sintomas e preferem ficar de repouso, ou tomar um chazinho, para ver se o incômodo passa. Outros moram em áreas remotas, sem acesso às unidades especializadas. Há ainda aqueles que têm o problema sozinhos ou durante a noite, sem ninguém por perto para acudir.
Os principais tratamentos
AVC isquêmico
- Trombolítico: O fármaco desfaz o coágulo que atrapalha a passagem de sangue. Só tem efetividade se utilizado em até 4,5 horas.
- Trombectomia: Método recente que envolve a retirada do trombo por meio de um tipo de cateterismo.
AVC hemorrágico
- Controle: Ao baixar a pressão sanguínea na UTI, menos sangue alcança o epicentro do derrame, o que restringe a área afetada.
- Cirurgia: Se o quadro está bem grave, é preciso intervir diretamente no local para minimizar o edema.
O que você pode fazer
- Pratique exercício físico regularmente.
- Mantenha uma alimentação variada e equilibrada.
- Maneire no sal.
- Não fume.
- Modere nas bebidas alcoólicas.
- Consulte o médico e faça check-ups de tempos em tempos.
- Conheça as pistas de um AVC: dormência no braço ou no rosto, apuros para conversar, perda da visão, tontura…
- Ao notar qualquer um desses sinais, entre em contato com o Samu pelo número 192.
- Só vá ao hospital de carro se não tiver uma ambulância disponível.
- Se passou pelo AVC, nunca abandone as sessões de reabilitação. Elas abrandam as sequelas.
- Geralmente o médico prescreve alguns remédios. Não deixe de tomá-los!
- Nunca é tarde para adotar hábitos saudáveis. Eles ajudam a evitar um segundo derrame.
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Fonte: Saúde.abril