Sintomas como ansiedade moderada a grave, depressão e dispneia são indicativos de aumento do risco de automutilação sem intenção de suicídio entre pacientes recém-diagnosticados com câncer, de acordo com estudo canadense.
No estudo de caso-controle populacional, cada um dos sintomas mencionados foi associado a um aumento de pelo menos 60% do risco de automutilação, relataram os pesquisadores.
"Os médicos devem estar cientes de que a automutilação é um verdadeiro problema após o diagnóstico de câncer”, disse ao Medscape a primeira pesquisadora do estudo, Dra. Julie Hallet, médica e cientista associada do Sunnybrook Health Sciences Centre, no Canadá.
A automutilação "não necessariamente representa uma tentativa de suicídio”, acrescentou a médica. "Embora nossos dados não nos permitam acessar qual foi a intenção nesses casos, sabemos a partir de outros trabalhos que as repercussões do sofrimento em pacientes com câncer vão bem além do suicídio. A automutilação pode ser uma forma de enfrentar dificuldades psicológicas para alguns pacientes, sem a intenção de suicídio."
O estudo foi publicado on-line em 31 de março no periódico JAMA Oncology.
Nove sintomas comuns
O estudo incluiu adultos diagnosticados com câncer entre 1º de janeiro de 2007 e 31 de março de 2019, e completaram a escala Edmonton Symptom Assessment System (ESAS) até 36 meses após o diagnóstico. Essa escala avalia nove sintomas comumente associados ao câncer: dor, fadiga, náuseas, depressão, ansiedade, sonolência, alteração do apetite, alteração do bem-estar e dispneia, com uma escala subjetiva de 0 (ausência de sintomas) a 10 (pior sintoma possível).
A análise incluiu 406 pacientes que buscaram atendimento em um serviço de emergência por automutilação até 180 dias após realizarem a avaliação via ESAS, e 1.624 controles pareados (pacientes com câncer sem história de automutilação). O pareamento considerou a idade no momento do diagnóstico de câncer, o sexo do paciente, a história de automutilação até cinco anos após o diagnóstico de câncer e o tipo de câncer. Covariáveis não pareadas incluíram presença de doença psiquiátrica e história de terapia antes da automutilação, carga de comorbidade, privação material e estádio do câncer.
Em busca de uma intervenção personalizada
Em comparação com os controles, mais pacientes com história de automutilação apresentaram escores moderados a graves de todos os nove sintomas da escala ESAS. Na análise ajustada, ansiedade moderada a grave (razão de chances [RC] de 1,61), depressão (RC de 1,66) e dispneia (RC de 1,65) foram associadas de forma independente a maior probabilidade de automutilação subsequente. Cada 10 pontos a mais no total da ESAS também foi associado a aumento do risco (RC de 1,51).
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Fonte: Medscape