O relaxamento das medidas de prevenção à disseminação do SARS-CoV-2 em função da vacinação da população pode aumentar as chances de surgir uma nova cepa resistente, favorecida pela seleção natural, de acordo com novos achados de um estudo de modelagem publicado on-line em 30 de julho no periódico Scientific Reports.
Embora a vacinação seja a melhor estratégia para controlar a propagação viral, mudanças de comportamento e mentalidade serão cada vez mais necessárias para ficarmos à frente das cepas resistentes à vacina, de acordo com os quatro autores da pesquisa.
"A gente se acostumou a pensar na pandemia do ponto de vista epidemiológico, e a sermos aconselhados a tomar medidas para reduzir a transmissão, o número de pessoas que adoecem e a taxa de mortalidade. À medida que a pandemia se arrasta pelos anos, haverá uma nova dimensão no nosso pensamento, tanto para os políticos como para a população. Trata-se da perspectiva evolutiva", segundo o coautor do estudo, Dr. Fyodor Kondrashov, Ph.D., biólogo evolucionista do Institute of Science and Technology (IST) Áustria, disse em uma coletiva de imprensa.
A "mudança de mentalidade" porvir, prevista pelo Dr. Fyodor, deve assegurar as pessoas de que o uso de máscara e o distanciamento social, mesmo depois da vacinação, não são medidas fúteis. "Diminui a possibilidade de uma cepa resistente à vacina se disseminar por aí. Não estamos apenas tentando impedir a propagação, mas a evolução de novas variantes, por ora tão raras, que ainda não as identificamos", disse ele.
O estudo focou na evolução de forma genérica, em vez de em variantes específicas. "Nós pegamos o modelo clássico usado para estudar epidemiologia de pandemias, o modelo SIR (suscetível, infectado, recuperado), e o modificamos para estudar a dinâmica de mutações raras associadas ao surgimento de uma cepa resistente à vacina", explicou o primeiro autor do estudo, Dr. Simon A. Rella, doutorando no IST Áustria.
Os pesquisadores simularam a probabilidade de uma cepa resistente à vacina emergir em uma população de 10.000.000 indivíduos ao longo de três anos, com a vacinação começando após o primeiro ano. Para oito cenários, as taxas de infecção, recuperação, morte, vacinação e mutação, e a porcentagem de indivíduos com cepas virais resistentes foram fatores no modelo.
O modelo também simulou ondas de baixa e alta transmissão, semelhante aos efeitos das intervenções de grande escala, como o lockdown.
Leia a matéria completa aqui
Fonte: Medscape