A presença de anomalias fetais no sistema urinário, coração, cérebro e em outros órgãos, detectada por ultrassonografia pré-natal, pode sinalizar diagnóstico de transtorno do espectro autista (TEA), sugere nova pesquisa.
Os resultados de um estudo retrospectivo mostraram que a ultrassonografia realizada no segundo trimestre gestacional identificou o triplo de casos de TEA nessa população de pacientes do que entre crianças com desenvolvimento padrão.
“Este estudo mostra que alguns sinais de autismo já são detectáveis no segundo trimestre [gestacional,] e temos essa ferramenta muito eficaz (a ultrassonografia pré-natal) para detectar esses sinais”, disse ao Medscape o pesquisador do estudo Dr. Idan Menashe, Ph.D. professor do Departamento de Saúde Pública da Universidade Ben-Gurion do Neguev, em Israel.
O estudo foi publicado on-line em 17 de janeiro no periódico Brain.
Dados de registros
Um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por déficits na comunicação social e por comportamentos restritos ou repetitivos, o diagnóstico de TEA é baseado em sintomas que normalmente se manifestam no segundo ano de vida.
As evidências mostram que a detecção e a intervenção precoces melhoram os desfechos em longo prazo. Em uma tentativa de encontrar maneiras de melhorar o diagnóstico precoce de TEA, os pesquisadores realizaram um estudo retrospectivo de 229 crianças nascidas entre 2004 e 2018 registradas no banco de dados do National Autism Research Center of Israel (NARCI).
O estudo também incluiu 201 irmãos e irmãs dos participantes com desenvolvimento típico e 229 crianças com desenvolvimento típico da população geral, que foram pareados com os pacientes com TEA por ano de nascimento, sexo e etnia.
Não houve diferenças significativas nas características clínicas entre os grupos, a não ser pelo fato de o grupo TEA ter tido mais homens do que o grupo de irmãos e irmãs com desenvolvimento típico (77,7% vs. 56,7%; P < 0,001).
O ultrassonografia pré-natal para avaliação da anatomia fetal ocorreu com idade gestacional média de 22,8 semanas. Essa pesquisa inclui o exame de pontos anatômicos na cabeça, cérebro, tórax, abdome, coluna, membros e cordão umbilical.
Em cada órgão, os médicos classificam as anomalias como marcadores estruturais ou "leves". Marcadores "leves" indicam "algo além do normal", mas talvez "anomalias fisiológicas de significado não claro", disse o Dr. Idan, que também é diretor científico do Azrieli National Center for Autism and Neurodevelopmental Research.
As medidas biométricas incluem perímetro cefálico, diâmetro biparietal, circunferência abdominal, comprimento do fêmur, tamanho da cisterna magna, diâmetro cerebelar, largura do ventrículo lateral e distância interocular.
O estudo mostrou anomalias fetais ultrassonográficas em 29,3% dos casos de TEA; 15,9% no grupo de irmãos com desenvolvimento típico e 9,6% no grupo de crianças com desenvolvimento típico da população geral. Após o ajuste para sexo, o grupo TEA foi muito mais propenso a ter anomalias fetais ultrassonográficas do que o grupo de irmãos com desenvolvimento típico (razão de chances ajustada [RCa] 2,23; intervalo de confiança [IC] de 95% de 1,32 a 3,78; P = 0,006) e o grupo crianças com desenvolvimento típico da população geral (RCa de 3,50; IC 95% de 2,07 a 5,91; P < 0,001).
Fonte: Medscape
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